Daydream
O trabalho de Fernanda Feher nos transporta para um cotidiano poético... Tudo aquilo que poderia ser aborrecido no comezinho da vida vulgar, nos é novamente revelado por um olhar que lhes confere maravilhamento, primor, fantasia e finalmente vida. Os zumbis da nossa contemporaneidade pós-moderna renascem nesses “Day Dreams” como figuras insufladas de vigorosa potência. Para obter esse raro resultado, a jovem artista parece fazer hábil uso de um recurso que atua de dupla forma em sua obra: ao situar o seu espaço pessoal de fabulação no hiato, no vão existente entre tudo aquilo que é humano e o que não é humano (mais obviamente representado em sua obra por araras, crocodilos, gorilas, beija-flores, leões, fadas, baleias, sereias e espíritos), a artista em primeiro lugar nos reumaniza, ao nos reconciliar com a Natureza, mas também e talvez principalmente, nos apazigua, pois após atravessarmos seus “sonhos acordados”, saímos ao fim deles, em paz com nossos próprios monstros. The work of Fernanda Feher takes us to a poetic everyday life. Everything that could be boring in the commonplace of our ordinary and vulgar life, is returned and gets back to us revealed by a look that gives it fantasy, wonder, sublimity and finally life. The ZUMBIS of our post-modern contemporaneity reborn in those “Day Dreams” as figures inflated with vigorous power. To obtain this rare result, the young artist seems to make skillful use of a resource that acts in a double way in her work: by situating her personal space of fable in the hiatus, in the between of all that is human and that which is not human (more obviously represented in her work by macaws, crocodiles, gorillas, hummingbirds, lions, fairies, whales, mermaids and spirits), the artist first re-humanize us, in reconciling us with the Nature, but also and perhaps mainly, appeases us, because after crossing its "Awake dreams," we come to their end, at peace with our own monsters.
Texto de Rui Cortez