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Quimera

Substantivo feminino 1. Monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente. 2. Combinação heterogênea ou incongruente de elementos diversos. 3. fig. produto da imaginação, sem possibilidade de realizar-se; absurdo, fantasia, utopia. A partir da palavra-síntese quimera, esta exposição apresenta um recorte da produção recente da artista Fernanda Feher. Sua obra, marcada por um marcante vocabulário pró- prio, nos transporta para um cotidiano poético, um mundo próprio, irreal e repleto de desejos, ilusões e paisagens impossíveis carregadas de significados. Suas inspirações são os acontecimentos da vida e seus atravessamentos extraordinários. Em sua paleta exuberante, observamos uma harmonia entre resíduos autobiográficos e referências a simbologias contemporâneas. São sentimentos e emoções sinceros tra- duzidos em uma narrativa pictórica afetiva, de estilo onírico com uma pegada surreal. Na superfície, vemos uma fusão de técnicas como desenho, pintura e colagem a partir de materiais nobres, como tinta a óleo, e outros nem tanto, como selinhos infantis e glitter. O resultado é um sincretismo de imagens dotado de realismo fantástico. Tudo aquilo que poderia ser aborrecido no comecinho da vida vulgar nos é novamente revelado por um olhar que lhes confere maravilhamento, primor, fantasia e finalmente vida. São como cartões postais do seu eu interior no qual os zumbis da nossa contem- poraneidade pós-moderna renascem como figuras insufladas de vigorosa potência. No hiato entre a fabulação de sua intimidade e sua prática de pintura, equilibra-se num mes- mo plano uma delicada combinação heterogênea e incongruente de elementos diversos. Para nós, espectadores, fica implícito o convite de identificar nossos próprios devaneios.

Texto de Fernanda Ticoulat

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